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Couro à base de alimentos — a tendência que não sai de moda numa versão mais verde


O couro é uma tendência incontornável da indústria têxtil. Trata-se de um material com uma resistência e durabilidade incríveis e isso explica a legião de fãs que tem pelo mundo. Calças, casacos, sapatos, malas e carteiras. O cabedal está em todo o lado há muitos anos.

Numa altura em que há cada vez mais pessoas preocupadas com o sofrimento animal e que querem demarcar-se dessa indústria, são muitas as que procuram alternativas ao couro convencional. Das várias opções que existem no mercado, ficámos curiosos com três muito especiais, feitas à base de alimentos. Vamos conhecê-las melhor?


Piñatex

O Piñatex é couro de ananás. O material não biodegradável é feito de fibras extraídas das folhas desta fruta, desperdício que sobra das colheitas.

O processo é relativamente simples: as folhas são recolhidas e as fibras mais longas são extraídas por uma máquina. Em seguida, são lavadas e secas ao sol ou em fornos próprios, caso seja época de chuvas. Segue-se um processo de purificação no qual são removidas todas as impurezas. O resultado é um material muito fofinho, de consistência felpuda, que é misturado com ácido poliático à base de milho para criar um substrato não-tecido, ponto de partida para os produtos. A este susbtrato, exportado em rolos para países como a Espanha e a Itália, onde é terminado com acabamentos especializados, dá-se o nome de Piñafelt. Depois de chegar ao destino, o material é pigmentado com diferentes cores e revestido com resina para maior durabilidade e resistência à água. Finalmente, dá-se a transformação em Piñatex, com o último procedimento: a pressão das folhas a quente e um revestimento de poliuretano. 


[not]leather

A [not]leather é uma marca portuguesa que utiliza desperdícios alimentares de diversas frutas para criar couro vegetal. Assenta na premissa da utilização positiva dos mesmos e produz acessórios como porta-cartões e carteiras.

As frutas não vendidas que seriam desperdiçadas de outro modo são transformadas numa pasta e, posteriomente, em folhas. Todas as peças são feitas à mão e o produto final tem uma resistência e durabilidade semelhantes ao couro animal. O toque e o cheiro são segundo consta, muito diferentes daquele.

Apesar de se tratar de um material altamente ecológico o processo é traído pelo facto de exisitirem ainda poucos fornecedores dentro do país. Assim, a fruta utilizada vem de outros países da Europa e da América do Sul.


Mylo

Trata-se de uma descoberta improvável da empresa Bolt Threads para substituir o couro animal. O Mylo é um biomaterial concebido através do micélio, parte das células da raiz dos cogumelos, que se mistura entre si e com outros materiais. O produto final é muito semelhante ao couro animal, com um toque macio e uma estrutura flexível que o torna resistente.

Primeiro, trata-se da teia fina de micélio que tem de crescer e entrelaçar-se. Isto acontece muito rápido, em cerca de duas semanas. As folhas que daí resultam são processadas, curtidas, tingidas e gravas com uma textura parecida à do couro. Em comparação com o que acontece com a produção do animal, aqui há uma emissão muito menor de gases com efeito de estufa e poupam-se muito mais recursos, como a água.


Com opções de qualidade e semelhantes à original, os fanáticos do couro, preocupados com o seu impacto, podem ficar mais descansados. A escolha é cada vez maior.


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